"Eu sou muito louco". A frase do vocalista Ozzy Osbourne dá boas
pistas do que foi o show do Black Sabbath em Porto Alegre nesta
quarta-feira (09). Na primeira apresentação da turnê brasileira, o
público que lotou o estacionamento da Fiergs assistiu à performance de
uma banda vibrante e teve motivos de sobra para enlouquecer com uma das
grandes lendas do Heavy Metal.
Para chegar ao local do show, os fãs tiveram que enfrentar um trânsito
infernal, com longos engarrafamentos. No fim da noite, mais
dificuldades, causadas pela escassez de saídas disponíveis para os 30
mil presentes. Nada, porém, que pudesse apagar o entusiasmo com a visita
da banda inglesa. Indo contra o costume em shows internacionais, a
apresentação do Black Sabbath começou 18 minutos antes do horário
previsto: eram 21h42 quando as sirenes anunciaram o início de "War
Pigs", o primeiro de muitos clássicos da noite.
Sem mudanças em relação ao restante da turnê, o repertório privilegia
os quatro primeiros discos da banda, com algumas concessões ao mais
recente trabalho, "13". Os sons mais novos - "Age of Reason", "End of
the Beggining" e "God is Dead?" - tiveram boa recepção do público, mas é
claro que a multidão vibrou bem mais com temas clássicos como "N.I.B",
"Iron Man" e "Snowblind", entre outros. "Black Sabbath", por sua vez,
teve um clima mórbido que hipnotizou a plateia. Houve espaço também para
algumas pequenas surpresas, como "Dirty Women" e "Behind the Wall of
Sleep".
Depois de recentes polêmicas na turnê sul-americana, onde foi vaiado na
Argentina ao enrolar-se em uma bandeira brasileira, Ozzy Osbourne
decidiu ser mais cuidadoso. Nenhuma bandeira, de país ou time de
futebol, apareceu durante as quase duas horas de espetáculo. O que não
significa, é claro, que Ozzy tenha se comportado mais do que devia. Não é
por acaso que a alcunha "Madman" tornou-se quase um sobrenome para o
cantor: pulou, bateu palmas, balançou os braços regendo a reação do
público.
Foi antes de "Under the Sun" que o Madman permitiu-se falar com
franqueza da própria loucura. Por algum motivo, Ozzy começou a imitar um
cuco antes da música começar - o que foi repetido em tom de brincadeira
por boa parte do público. Depois de uma risada, o homem abriu o jogo:
"eu sou mesmo muito louco", esbravejou, com a concordância unânime dos
presentes.
Nos bastidores, havia alguma preocupação com a saúde de Tony Iommi, que
desde 2012 submete-se a tratamento contra o câncer. Na véspera, durante
estadia no Rio de Janeiro, o guitarrista passou mal e não compareceu a
uma entrevista coletiva, ficando sob cuidados médicos no quarto de
hotel. Os receios, porém, parecem ter ficado para trás. Iommi pareceu
completamente recuperado - manteve sua presença de palco sóbria como
sempre, mas movimentou-se bastante e atacou a guitarra com a eficiência
habitual.
Na sempre difícil tarefa de substituir um membro original de uma banda
tão lendária, o baterista Tommy Clufetos conseguiu a aprovação do
público com uma performance intensa. O solo de bateria, pausa para os
demais músicas poderem tomar um ar antes da parte final da apresentação,
mostrou que não há motivos para sentir falta de Bill Ward, já que o
novo integrante supre a ausência sem espaço para contestações. O baixo
de Geezer Butler, por sua vez, soou potente e pulsante, somando ainda
mais peso às já bastante pesadas composições.
Ao final do show, Ozzy Osbourne lançou um desafio ao público. "Vamos
tocar mais uma música. Se vocês ficarem realmente malucos, tocamos mais
duas", disse o cantor, anunciando "Children of the Grave", uma das mais
festejadas de todo o show. Fiel à sua palavra, o Black Sabbath voltou
para o bis com "Paranoid", terminando de enlouquecer os presentes e
encerrando quase duas horas de Heavy Metal.
Como banda de abertura, os norte-americanos do Megadeth fizeram um show
muito bem recebido pela plateia. Fazendo amplo uso de recursos visuais,
o grupo liderado por Dave Mustaine fez um breve apanhado de sua
carreira, tocando muitas de suas composições mais importantes.
Visivelmente satisfeito ao final do show, o líder do Megadeth fez
questão de elogiar o público. "Cuidem-se ao voltar para casa, pois
queremos vê-los todos novamente da próxima vez", comentou. Abrindo os
trabalhos, a banda brasileira Hibria fez um set breve, mas intenso,
repassando algumas das músicas que renderam sucesso ao grupo em lugares
como o Japão.
A turnê brasileira do Black Sabbath terá continuidade na sexta-feira
(11), em São Paulo, com show no Campo de Marte. A seguir, a "The Reunion
Tour" terá apresentações no Rio de Janeiro (dia 13) e em Belo Horizonte
(15).
Como não temos imagens do Show de Ontem, segue
abaixo um vídeo que não é do Ozzy, mas...
Show com um dos Vocalistas mais ferozes que o Sabbath já teve: DIO